Reflexões sobre o ser Psicólogo Clínico!
Reflexões sobre o ser Psicólogo Clínico!
Ser Psicólogo clínico! Papel imbuído de alquimia? Se por alquimia considerarmos o papel de ajuda a outros em direção à sua capacidade e prazer de transformação, então sim, imbuído de alquimia. Num contexto de profundo respeito pelo(s) outro(s), a sua singularidade, o seu potencial de evolução e a sua própria responsabilidade nesse processo; sem que a alquimia seja a “magia” ou poder do técnico, mas a força da energia de respeito e reconhecimento de que se reveste a relação, de um espaço de escuta e sentir de outro(s), que permitirão pôr em prática, também, conhecimentos técnicos que poderão ajudar outro a maior encontro com a sua própria humanidade.
Desafio sublime de reconhecimento e respeito pelo outro no espaço de suporte à promoção de caminhos de evolução e gratificação! Estabelecimento de relações de ajuda que promovam o desconstruir dos pesos de padrões que tendem a gerar repetido sofrimento, potenciando os recursos internos que ajudam a um caminho de ligação e gratidão à vida e à fertilidade do dar e receber.
Promoção de reflexão e reequacionamento interior, no sentido de encontro com a capacidade de transformação e evolução, inerente ao ser humano, que lhe permita “ousar viver mais plenamente o direito ao prazer e ao exercício da nossa humanidade”.
Caminho de olhares para fragilidades e mágoas, para dolorosos e repetidos sentires e estares. Caminho de afeto – “essa energia que gera mudança de sinal, que faz do bicho o homem e da coisa o significante” que ajuda a desmontar, a construir caminhos de conexão com forças. De ajuda num processo singular de assunção de forças e fragilidades. É através do sentimento de gratidão que se pode não passar ao lado do estar grato pelos dons da vida: “sentir o grande prazer de ter olhos para ver o mar, ouvidos para ouvir as palavras de amor que nos dizem, pés para pisar as folhas secas de Outono, e a capacidade de dar e receber, dos outros e com os outros, do mundo e com o mundo. Viver então em abundância torna-se então natural porque se soubermos chegar ao dar e ao receber nunca nos faltará nada”.
“Redescobrir a evidência de que o universo do qual nós somos parte integrante é dotado de uma fertilidade sem fim, é abrir o caminho a podermos viver com um sentimento de abundância, ligado justamente ao princípio pela troca que rege o mundo e que se inicia desde que nascemos, com as trocas relacionais com aqueles que nos deram a vida e nos criaram. Tudo nasce, cresce e se transforma, na e pela relação”.
A psicoterapia liberta-nos de padrões que nos limitam, conecta-nos com novos recursos. Permite-nos ousar a nossa fertilidade, “ousando dar e receber com fertilidade e abundância”, dando-nos acesso a um eu mais pacificado e mais consciente de si e de todo o seu potencial.
Carla Abranches.